Por Thaysa Azevedo - @thaysaazevedo
Gerente de Planejamento da Dentsu
Pegando carona no post da semana passada sobre a palestra de Fredric Jameson, proponho pensarmos na polêmica questão a respeito da relação entre a arte e a publicidade.
Um dos exemplos de Jameson para caracterizar as instalações artísticas contemporâneas são os Flash Mobs, termooriginário de movimentos políticos em meados do século XX, mas que desde aproximadamente 2003 passou a representar aglomerações instantâneas de pessoas em um local público com o intuito de realizar uma determinada ação inusitada, previamente combinada pelos próprios participantes. A relação proposta por Jameson entre arte pós-moderna e os Flash Mobs me fez olhar para estes fiéis símbolos da efemeridade de forma diferente.
O que inicialmente surge como um fenômeno que parte do público é rapidamente absorvido pela publicidade e pelas marcas, que acabam por desvirtuar, de certa forma, a origem dos Flash Mobs. Em vez de questionar se isso é bom ou é ruim, como foi sugerido pelo próprio Jameson ao tratar de fenômenos comportamentais globais, proponho uma reflexão sobre as consequências disso.
Por meio de uma busca desses movimentos pelo mundo, tanto espontâneos quanto patrocinados por empresas, pode-se perceber um ponto em comum: o fomento da arte. Música, dança, espetáculos teatrais surgem e desaparecem de forma instantânea nas ruas da cidade ou em ambientes públicos, como shopping centers, parques, metrôs... Seguem alguns exemplos realizados pelo setor privado:
- A T-Mobile passou a utilizar este tipo de ação com frequência, a fim de propagar sua marca. Desde a famosa aglomeração de pessoas cantando Hey Jude na praça londrina Trafalgar, a T-Mobile já foi responsável por vários outros eventos instantâneos em Londres, como a dança coletiva na estação central Liverpool Street e um musical no desembarque internacional de um dos aeroportos da cidade.
- Seguindo a onda de Flash Mobs nos aeroportos, a KLM promoveu um espetáculo no aeroporto internacional de Portugal para celebrar seus 70 anos no país.
- Na Mongólia, a empresa de mobile “Be...” promoveu, em novembro do ano passado, o “Be Dance Flash Mob”, que nada mais era do que um show de dança com “consumidores” no meio da rua.
- Para celebrar a chegada do verão, a Havaianas promoveu um espetáculo musical no shopping Power PlantMall, na cidade de Makati,nas Filipinas, com direito a show de percussão carnavalesca.
- Em janeiro deste ano, a cerveja holandesa Brand Bierbrouwerij levou 11 dançarinos para as ruas de Maastricht para comemorar o carnaval.
A lista desses fenômenos intitulados Flash Mobs é infindável. A percepção que fica é a de que as pessoas estão respirando mais arte. Estão se mobilizando mais para isso também, uma vez que estão predispostas a participar. E toda esta mobilização tem potencial para acontecer a partir de uma marca, da sua marca. Participação é palavra-chave na contemporaneidade e, se bem utilizada, pode trazer ganhos incomensuráveis para o negócio.
Enfim, é importante que reflitamos a respeito do grau de importância que a música, a fotografia, a dança, as artes em geral vêm assumindo em nossa cultura e o papel que elas representam nesses novos formatos de comunicação, pois cabe a nós buscarmos entender como podemos trabalhar as marcas nesse vasto campo de atuação que se forma a partir desta promissora intersecção.
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